terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Padre Vieira no reino da mentira

O Padre Vieira no Reino da Mentira

 Padre Vieira ( 1608-1697) Por quase dez anos, de 1652 a 1661, o Padre Vieira viveu no Estado do Maranhão, então província do império luso, numa espécie de exílio. Brigado com a gente da corte, designaram-no, os seus superiores da Companhia de Jesus, a vir a assumir a " missão do Maranhão" , que logo ele verificou ser dificílima. Mas o padre Vieira, orador prodigioso, talvez o maior homem das letras portuguesas em todos os tempos, não era de se conter, de contornar, de suavizar. Gigante em terra de anões, Guliver no país de Liliput, ele legou sermões memoráveis, nada digeríveis, desancando os vícios da gente local com sua verve prodigiosa e indignada.

A geografia do Diabo
" A verdade que vos digo, é que no Maranhão não há verdade"Padre Vieira- Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, S.Luís, 1654
Consta numa das tantas lendas que correm sobre o Diabo, lembrada pelo Padre Vieira, que aquele, saindo dos infernos, desabou-se por sobre a Europa. Partiu-se, porém, em pedaços que se espalharam por todos os lados. A cabeça, chifre e tudo, caiu na Espanha, daí os espanhóis terem os miolos quentes, os seus pés caprinos foram parar na França, daí lá gostarem de dançar e de se agitar, enquanto que o ventre satânico foi parar na Alemanha, o que explicava a gula daquele povo, sempre envolvido nos chucrutes, embeiçando-se atrás das partes do porco, cozidas ou assadas, tanto faz. E a língua do demo, indagou o Padre Vieira, onde teria ela ido parar? Supôs que em Portugal. Resultava disso que da Vila do Castelo à Vilamoura, do extremo norte ao extremo sul do reino, imperava aquela mania do falatório, da maledicência, do fuxico e da intriga. Tão prodigiosa era a fartura de palavras ruins em português que um tal de Drexelio, com elas, preparou um Abecedário dos Vícios da Língua. E o que encontraríamos se consultássemos, por exemplo, o verbete dedicado à letra " M", o. M. de Maranhão. Ora, respondeu o padre categórico: " M. de murmurar, M. de motejar, M. de maldizer, M. de malsinar, M. de mexerico", e , sobretudo, concluiu o grande pregador, " M. de mentir."


Na Sibéria de Portugal
Bastou estar um pouco mais de um ano naquela parte do Novo Mundo, saído um tanto desterrado de Portugal, para que o Padre Vieira, o Grande, como o chamou com razão o padre André de Barros, entendesse que a costa do Maranhão era um refúgio da mentira. Em 1652, seus inimigos, afastando-o das proximidades do trono português, conseguiram empurrá-lo para dentro de uma nau despachando-o para o outro lado do Atlântico, para os quadrantes da vila de São Luís. Que fosse converter os tapuias, mas que livrasse o rei de conselhos imprudentes O Maranhão daqueles tempos, estado independente do resto do Brasil desde 1621, diga-se, bem podia passar como a Sibéria do Reino Lusitano. Um litoral imenso, pouco desbravado, que se estendia do Ceará à bocarra do Rio Amazonas, cheio de dunas, mato fechado e desolação. Pouquíssima gente lusitana o habitava, mas muito nativo cor de cobre andava por aqueles sertões. Vieira desembarcou num caldeirão. O Maranhão era um vespeiro no qual os jesuítas enfrentavam diariamente os colonos. O pregador logo constatou que os chamados " forasteiros", isto é, os brancos que vinham da Metrópole tentar a vida por aqueles lados, não queriam saber de converter ao cristianismo a boa alma de ninguém. Muito menos a dos tapuias. Que ficassem pagãos. Queriam, isso sim, era o corpo dos índios. Os pés deles para não precisar andar nem lavrar a terra, os braços deles para não necessitar remar nem semear, das costas para delas se servirem como lombo afim de carregar-lhes os trastes e outras vergas. O pescoço , enfim, só servia para por uma canga. Estando eles , os reinóis que governavam a província, bem longe das vistas do rei, tudo sujeitavam e em tudo botavam a mão, porque não faltavam ofícios em que se podia furtar. E, ressaltou, não furtavam com unhas tímidas, mas com as agudas, as que deixam marca..

O Reino da Mentira
 A serpente da ilha
A hora do padre - furioso, magoado com as rixas constantes - de acertar-se com aquela gente deu-se na Quinta Dominga da Quaresma, em abril do ano de 1654, momento quando, no final da missa, o grande homem reservou-lhes um sermão purgativo. Para ele o Maranhão tornara-se " o reino da mentira" , com corte estabelecida na ilha de São Luís. Lá, como no fundo dos mares, não havia solidariedade nenhuma. Tal como entre os crustáceos e os peixes, imperava o canibalismo. Caranguejo devorava o caranguejo e o cação, assim que a maré subia, comia a todos eles. Mas porque era assim? Vieira disse que era o clima. A inconstância de tudo por lá era tamanha que o litoral do Maranhão, a baia de São Luís, era a única no mundo inteiro onde até o sol, tão certeiro em outras latitudes, enganava os pilotos, Olhando o astrolábio, ora ele indicava um grau, ora dois, o resultado era que muitos barcos encalhavam por lá. O que o fez concluir que " até o céu mentia no Maranhão!"
Muito sol, além de quebrar os laços de solidariedade, gerava a preguiça e o ócio. Este, ao prostrar as gentes, excitava-lhes a imaginação, mãe da mentira. Entre eles, mesmo que pelas duas orelhas escutassem uma verdade, perdida esta no caracol do ouvido, terminavam expelindo uma mentira pela boca. Tudo bem que em outras partes também se mentia. Lisboa, por exemplo. Mas ela era capital de um império. Podia exportar suas mentiras para outros cantos do mundo, para Veneza ou para Calicute. São Luís, pequenina, não. Naquela vila, a mentira não tendo para onde ir alimentava ainda mais outras inverdades. Nasciam e ali ficavam. Lá a mentira dançava de roda. Era por isso, talvez, que o povo local temia a Serpente da Ilha, monstruoso ofídio que diziam dormir ao redor de São Luís e que se algum dia suas presas encontrassem o seu rabo, mordendo a si mesmo, ela se ergueria para devastar com tudo. 

sábado, 14 de agosto de 2010

Tour virtual: conheça as casas milionárias dos famosos

Veja abaixo como e onde moram os famosos do hemisfério Norte. E quanto cada um gastou para comprar sua casa dos sonhos...

Para ler a matéria completa clica AQUI:

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O mineiro e o fiscal do IBAMA

Um fiscal do Ibama recebe uma denúncia e vai verificar.
Dirige-se para a casa de um mineiro. Chegando no local sem se identificar, vai logo travando um diálogo:


Fiscal:         - Bom dia.
Mineiro:        - Bom dia, moço..
Fiscal:         - Como vai a luta?
Mineiro:         - Diifici.
Fiscal:         - Tem caçado muito?
Mineiro:         - Uai sô, a semana passada matei 20 piriquitim.
Fiscal:         - Vinte?
Mineiro:         - Fio, pega as cabeça dos piriquitim pro o home vê.
Fiscal:         - E paca, tem caçado muito?
Mineiro:         - só uma nessa semana. Fio, traiz a cabeça da paca.
Fiscal:         - E outros animais silvestres, tem caçado muito?
Mineiro:     - Um monte dêles. Fio, traiz as cabeça dos otros bicho pro homem aquerditá.
Fiscal:         - Não tem passado por aqui nenhum fiscal do Ibama?
Mineiro      - Craro moço, semana passada. Fio, traiz a cabeça do fiscal pro home vê.
Fiscal:         - Até outro dia. Obrigado pela atenção.
Mineiro:         - Numtemdiquê... Vorte sempre.

Essa é boa...,

Verme na cerveja

Um professor de química queria ensinar aos seus alunos do 2º Grau os males causados pelas bebidas alcoólicas e elaborou uma experiência que envolvia um copo com água, outro com cerveja e dois vermes.

- 'Agora alunos, atenção'! Observem os 'vermes', disse o professor, colocando um deles dentro da água.

A criatura nadou agilmente no copo, como se estivesse feliz brincando.

Depois, o mestre colocou o outro verme no segundo copo, contendo cerveja.

O bicho se contorceu todo, desesperadamente, como se estivesse louco para sair do líquido e depois afundou como uma pedra, absolutamente morto.

Satisfeito com os resultados, o professor perguntou aos alunos:

- 'E então, que lição podemos aprender desta experiência?'.

- Joãozinho levantou a mão, pedindo para falar, e sabiamente respondeu:

- 'Quem bebe cerveja... não tem vermes!'

 Foi aplaudido de pé!!!

Uma ligeira aula de gramática forense!

Filho da puta é adjunto adnominal (ou paronomástico), se for:  "Conheci um juiz filho da puta". 
Se for:  "O juiz é um filho da puta", daí é predicativo. 


Agora, se for: "Esse filho da puta é um juiz", daí é sujeito.


Porém, se o cara aponta uma arma para a testa do juiz e diz: "Agora nega a liminar, filho da puta!" - daí é vocativo.


Finalmente, se for: "O ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, aquele filho da puta, desviou o dinheiro da obra pública tal" - daí é aposto. 

Que língua a nossa, não?
FANTÁSTICA, MAS O JUIZ CONTINUA SENDO UM FILHO DA PUTA.

Teoria das janelas partidas

 
Artigo baseado no livro "Broken Windows"
James Q. Wilson and George L. Kelling
 
 
 
Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social.   Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor. Uma deixou em Bronx, na altura de uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em Psicologia Social estudando as condutas das pessoas em cada sítio. 

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc.   Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e esquerda). Contudo, a experiência em questão não terminou aí, quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.
 

O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por que  que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.
 

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como que vale tudo.  Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.
 
Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um  ponto de vista criminalístico, conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujidade, a desordem e o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito. 
Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves.  Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças,  o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas. 

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor a criminalidade), estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.
 

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujidade das estacões, ebriedade entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.
 

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de 'Tolerância Zero'. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.
 

A expressão 'Tolerância Zero' soa como uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de fato, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.
 

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito. Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.